Paula Folly Photography: janeiro 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eram meia noite e cinqüenta e cinco de uma noite hedionda e silenciosa, até mesmo os animais que viviam na floresta em volta pareciam ter se calado para contemplar a magnitude e a presença da enorme lua cheia, que flutuava no céu negro e sem estrelas de ar impiedosamente inquisidor, sua luz permitia a visualização perfeita de uma austera casa de pedra onde apenas uma fraca luminescência inebriante transparecia do único cômodo que possuía uma janela aberta. Dentro do qual, uma frágil personagem jazia cercada de pilhas de livros que amontoavam todo o ressinto, com prateleiras meio vazias que cobriam as paredes, uma escrivaninha bagunçada coberta de tinta, que vazava de um pequeno pote e pingava no chão lentamente, e uma grande cama perfeitamente arrumada.

Nos olhos da personagem era possível ver refletida a luz bruxuleante das velas postas nas prateleiras mais baixas, um vento frio soprava pela janela e a fazia arfar, talvez não só pela baixa temperatura.

A exatamente 67 minutos atrás ela estaria sentada folheando efusivamente muitos dos exemplares espalhados, com os olhos lacrimejantes e calafrios percorrendo sua espinha, procurando desesperadamente por uma vida imaterial e irreal que não a pertencesse para se perder durante uma noite de crise.

Uma música espalhava-se pelos ares pesados do ressinto, plangência e nostalgia emanavam-se dela:

Musica ou personagem.

‘A música’

Uma mistura homogenia de dor e serenidade.